Bem, vou direto ao que me motivou
a escrever esta crônica, até porque a resposta da primeira pergunta todos sabem
que é biscoito, sem hesitar, e quem diz o contrário teima em não exitar. Ao
rever um post (aqui), percebi que escrevi “adaptação de quadrinho” em
vez de “adaptação de quadrinhos”. Divagando
sobre os motivos que me levaram a escrever a palavra quadrinho no singular, notei que transportei para a forma escrita
o modo usual de dizer: “eu leio quadrinho”.
Lembrei que falo assim, e muitas vezes ouvi assim. Em uma rápida busca na
internet, porém, predomina a palavra no plural - quadrinhos. Se a explicação reside na questão quantitativa ou distintiva,
como no exemplo “eu leio livros” e “eu leio livro”, temos que arrumar
a casa, porque sempre me questionaram se leio gibi - assim, seco, no singular, sem distinção de número, tipo ou
credo religioso. Talvez esta tenha sido a raiz histórica do meu “erro” no título
daquele post, e eu tenha enraizado esse coloquialismo. Assim, Atômica é uma
adaptação de quadrinho, pois o material que serviu de fonte não era seriado,
mas também é uma adaptação de quadrinhos,
como marcador de um gênero cinematográfico. E, aproveitando a deixa, gibi era
uma gíria para menino negro afrodescendente no início do século passado e que deu nome a um popular quadrinho do Grupo Globo. Com o passar do tempo, o termo
virou sinônimo do próprio formato, mas sendo usado de forma pejorativa, como depreciativa
do material. Hoje, ele é mais usado para se referir aos quadrinhos infantis ou infanto-juvenis. E
HQ nada mais é do que sigla para História em Quadrinhos, o que dá uma confusão dos
diabos pois toma o conteúdo pela forma e ainda contamina a terminologia; como o
cidadão vai dizer que leu uma HQ se a publicação que ele leu geralmente traz
várias histórias?! Nesse caso, deveríamos dizer que lemos uma revista em quadrinhos, mesmo se encadernados. Por fim, se alguém disser que vende comics aqui no Brasil fuja pois o raio gourmetizador está em ação;
o correto é quadrinho importado ou quadrinhos importados.
ED
Pasquale aprova.
2 comentários:
Excelente texto; muito elucidativo e oportuno. Faço apenas uma ressalva: houve um pequeno equívoco no último parágrafo... o correto seria "se (ou quando) alguém disser", pois o verbo dizer nesse caso deve estar no futuro do subjuntivo.
Corrigido, Antonio, muito grato!
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