Pegue o mundo do
seminal filme Metropolis, de Fritz Lang, exagere no Bauhaus e salpique expressionismo
alemão: o resultado será o esquisitíssimo quadrinho de Mister X. Criado por
Dean Motter para a Vórtex Comics em 1983, o protagonista é um homem que se diz
o arquiteto da cidade de Radiant City e pretende corrigir os erros de sua
criação (tipo Deus, saca?), e pra isso se droga com uma substância que elimina o
sono, a fim de ter todo o tempo disponível para cumprir sua missão. O título,
de um charme noir sem tamanho, foi
construído magistralmente por alguns dos grandes mestres dos quadrinhos, como
Dave McKean (Sandman), irmãos Hernandez (Love and Rockets), Sienkiewicz (Novos Mutantes), entre outros. Não
espere empatia com o personagem.
Grendel (criado em 1982) é um exercício de estilo, inicialmente por parte de seu criador Matt Wagner e posteriormente por outros, devido a algumas peculiaridades: Grendel ser uma identidade personificada por várias pessoas; os estilos marcantes de quem quer o desenhasse; e o fato de Grendel ser um ícone do mal que alude ao Grendel do épico Beowulf. Suas histórias geralmente associam-o ao próprio Diabo, tal o grau vilanesco de suas tramas. Matt Wagner declarou que inicialmente pensou num personagem que transitasse num universo noir, mas que expandiu a obra para um “estudo artístico da agressão humana”. Grendel - Preto, Branco e Vermelho, apresentada apenas nestas cores, ganhou o Eisner de Melhor Antologia.
Concreto, criado por Paul
Chadwick em 1986, se tornou cult com seu olhar incisivo e espirituoso sobre conflitos
humanos, a impotência com a questão ambiental e o isolamento social, um aparente
paradoxo se levarmos em conta ser este um personagem próximo ao governo (redige
discursos para senador) e celebridade social devido a sua condição física (aparência
que lembra o “Coisa” do Quarteto Fantástico). Não espere ritmo e cenas
empolgantes de ação de uma história de Concreto: a dinâmica aqui é lenta,
reflexiva, quase intimista, ou seja, características que ironicamente fazem do
título um paralelo do próprio personagem: cultuado sem ser popular, comunicativo
mas pouco compreendido, poderoso mas impotente frente a simples dramas.
ED
Se achava o máximo quando curtia quadrinhos que pensavam "fora da caixa", até que leu um filósofo questionando a existência da caixa e que era impossível o líquido ler o rótulo da garrafa em que se encontra. Hoje se reduz à sua insignificância e deixa estas questões complexas para bebuns e designers de embalagens.
ED
Se achava o máximo quando curtia quadrinhos que pensavam "fora da caixa", até que leu um filósofo questionando a existência da caixa e que era impossível o líquido ler o rótulo da garrafa em que se encontra. Hoje se reduz à sua insignificância e deixa estas questões complexas para bebuns e designers de embalagens.
4 comentários:
pena que nao tenha links para baixar os citados gibis.
é sempre bom ler coisas novas.
obrigado.
ainda não li os outros dois, mas Concreto foi paixão à primeira leitura e recomendo pra todo mundo que lê quadrinhos por ser um título, no mínimo, no meu entender,incrível!!!!
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