Primeiramente dizer que Jonathan Hickman, o novo responsável pelos títulos mutantes, é um puto fodido megalomaníaco. A Marvel, desejosa de alavancar o universo mutante nesta nova fase pós-Fox de retomada da franquia nos cinemas, entregou um brinquedo complexo para uma criança complexa. Quem conhece seus títulos (como Projeto Manhattan, East Of West, The Black Monday Murders) ou trabalhos anteriores (Vingadores, Quarteto Fantástico) sabe o quanto ele amarra todas as tramas numa teia de conceitos que se cruzam e se interligam numa espécie de lore ou mitologia própria, nos fazendo ir e vir de dicionários, obras pretéritas e fontes diversas no decorrer da leitura pra melhor compreender as referências e o universo enriquecedor pretendido na obra. Com formação em arquitetura e amplo conhecimento de design gráfico, ele não se furta de preencher abundantemente suas páginas com gráficos, infográficos, mapas, diagramas e painéis detalhados que contextualizam as histórias criadas e nos fazem virar tais páginas com a sensação de termos acabado de ler um livro, tamanha a densidade dos conceitos propostos. Dito isso, suas duas séries inaugurais nos mutantes, House of X e Powers of X, trazem toda uma base narrativa que pode render, por anos, a quem quiser escrever qualquer obra mutante um rol de situações originais e com enredos nunca trazidos antes. Além disso traz explicações para eventos que sempre foram recorrentes nos quadrinhos. Tal personagem morreu e precisa ressuscitar? Hickman trouxe a solução com a inteligência de combinar poderes de diferentes mutantes. Quer situar as histórias em qualquer local do planeta ou até mesmo do Universo? Hickman trouxe a solução através dos gateways ou "portais krakoanos". E eu já disse que temos que parar sucessivamente no decorrer das histórias para contextualizar? Já começa pelos títulos, vamos lá: House of X está para o sonho de Xavier assim como no passado House of M estava para o sonho de Magneto. O título da série também homenageia o conto secular This Is the House That Jack Build, que inspirou o título do filme de Lars von Trier A Casa que Jack Construiu (2018), e também a primeira história desta saga. Já Powers of X (Potências de Dez ou Poderes dos X, à sua livre escolha) guarda inspiração num documentário cientifico datado dos anos 70 (ver referência ao final) que trata sobre escalas, além de brincar com a dupla semântica da letra "X" remetendo tanto ao algarismo romano do dez quanto ao caractere que designa a raça mutante (mais detalhes na saga). Por falar em escalas, é recomendável, para melhor fruição das histórias - e para entender personagens como o Nimrod e os supersentinelas, por exemplo - noções básicas de vários conceitos como transhumanismo, genética (percebeu os nomes dos personagens Gregor e Mendel?), biotecnologia, inteligência artificial e evolução - tanto humana quanto de sociedades, além de um pouco de política externa e relações internacionais (afinal, estamos falando da criação de uma nova nação, a Nação Mutante, com toda sua política, cultura, moeda e idioma distintos). A seguir listo algumas referências citadas e fontes para entender melhor e imergir no mundo proposto.
Para entender melhor o "estilo Hickman":
Detalhes gerais do run de Hickman:
http://www.farofeiros.com.br/detalhes-de-house-of-x/ e http://www.farofeiros.com.br/detalhes-de-powers-of-x/
http://www.farofeiros.com.br/detalhes-de-house-of-x/ e http://www.farofeiros.com.br/detalhes-de-powers-of-x/
Referências anotadas página a página (em inglês):
Demais edições (com spoilers): https://www.polygon.com/2019/8/22/20828371/house-of-x-powers-of-x-comics-reviews-spoilers-jonathan-hickman
Ordem de leitura e equipes criativas (em inglês):
Dos títulos https://en.wikipedia.org/wiki/Dawn_of_X
Das séries iniciais https://en.wikipedia.org/wiki/House_of_X_and_Powers_of_X
Citados neste post:
https://www.youtube.com/watch?v=e_kww135WPk (legendado)
Conceitos importantes:
Outros
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