Um pequeno resumo deste ano
Queda na qualidade de adaptações
O ano anterior foi ótimo em relação a adaptações de quadrinhos; tivemos o filme definitivo do Wolverine, o sucesso de Mulher-Maravilha, o surpreendente Lego Batman, Thor: Ragnarok, Atômica, volta do Aranha para a Marvel, o aguardadíssimo filme da Liga da Justiça, a inteligente série do Legião... Este ano só teve de excelente o filme dos Vingadores. Pantera Negra e Aquaman são filmes bem feitos, mas cuja lembrança se dará mais em vista de suas mensagens sociais e ambientais do que propriamente por sua originalidade e valor artístico. E os adiamentos de filmes - da Fox, da Turma da Mônica - e cancelamentos das séries da Marvel pela Netflix, principalmente Demolidor, completam o ano.
Pato Donald foi uma revista em quadrinhos Disney brasileira publicada pela Editora Abril ininterruptamente desde 1950. Foi a segunda revista a ser lançada pela Abril (a primeira foi Raio Vermelho, quando a Editora Abril se chamava Primavera) e foi o mais duradouro título de quadrinhos do Brasil. Foi o primeiro de 423 títulos Disney, entre revistas de periodicidade definida, edições especiais e edições de luxo, alcançando cerca de nove mil revistas lançadas ao longo de 68 anos. Por fim, após um tipo de canto do cisne que envolvia dezenas de reimpressões, edições de luxo e coleções temáticas nas bancas e marketplaces, como que prenunciando o seu destino e testamentando os registros de sua longa trajetória, a Editora Abril encerrou a publicação da revista Pato Donald, e de todos os quadrinhos da Disney, em julho de 2018. A bola está quicando.
A derrocada das grandes livrarias e distribuidoras
Este ano a crise bateu forte nas livrarias e distribuidoras. Todos ainda estão meio que se adaptando a um cenário cada vez mais resumido a e-commerces e vendas diretas. Mangás foram adiados, lançamentos suspensos, revistas de linha tiveram distribuição caótica e serviços de assinatura suspensos. Sumiço de prateleiras inteiras de livros na Cultura e na Saraiva denunciavam visualmente a situação; em seguida, fechamento de lojas; a FNAC (foto) partiu de vez. Um ano em que a maior editora de revistas brasileira e as duas maiores redes de livrarias pedem recuperação judicial não pode ser considerado um ano normal. "40 anos trabalhando com livros e não lembro de ter conhecido uma crise assim”, revelou Luiz Schwarcz, fundador da Companhia de Letras, no programa de televisão Conversa com Bial.
Uma brincadeira do destino fez com que a dupla criadora do Homem-Aranha e outros heróis, Steve Ditko, com 90 anos, e Stan Lee, com 95, fosse embora para o outro plano um após o outro. Lee, cuja esposa Joan faleceu ano passado - após 70 anos de casamento-, foi o último, sem antes ter se despedido de Ditko e afirmado que “ele deixou sua marca no mundo”. Em relação a Ditko, houve tempo de assistir ao filme do Doutor Estranho, sua outra grande criação. Em relação a Lee, autor da frase "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", morreu no auge, homenageado mundialmente e com lágrimas até de quem nunca abriu uma revista em quadrinhos, mas que conhece suas criações devidos a anos de predomínio das adaptações no cinema. A morte de Stan Lee encerra a primeira geração de criadores de super-heróis da Marvel, era o último vivo. C´est fini.
Quando eu era criança, meu lugar preferido eram bancas de revista. Folheava cada revista com olhos rápidos, pra não dar a impressão ao jornaleiro de estar lendo. Só “avaliando o material para fins de compra”, uma compra que nunca se realizava por não ter recursos. Furtei algumas (minto, furtei muitas) inserindo-as dentro de grandes cadernos escolares de 12 matérias e pastas e classificadores. Um dia a consciência bateu, e deixei de fazê-lo - para nunca mais. O jornaleiro do qual mais subtraí gibis era complacente, percebi depois; travei longa amizade e o acompanhei na sua velhice - cervejas, rodadas de dominó, mas nenhuma palavra sobre meus atos aos 9 anos de idade. Hoje em banca de revista só tem cigarro, brinquedo e refrigerantes.
5 comentários:
Em 2018 tivemos 29 filmes baseados em quadrinhos, sendo:
2 brasileiros
8 mangás
2 novelas gráficas
2 tiras
7 de hq americana
2 de hq espanhola
3 de hq francesa
1 de hq italiana
1 de hq alemã
1 de hq argentina
A maioria esmagadora fora do circuito "blockbuster".
Bleach ficou muito legal. Animal world idem. Fiquei surpreso com Accident Man (um filme de pancadaria com história, nos moldes de kingsman misturado com filmes atuais do Liam Neeson).
Resumir os filmes do ano em um filme muito bom (vingadores) e dois filmes fracod (aquaman e pantera negra, este último ficou bem ruim, ao meu ver) e desconsiderar coisa boa fora do circuito "blockbuster".
Quem quiser baixar filmes baseados em quadrinhos, acesse o Cine-Quadrinhos.
Falou o mestre! Mas é isso, Master, se for fazer a mesma conta incluindo os filmes de fora do mainstream a disparidade fica maior; ano passado tivemos Wilson, Meu Amigo Dahmer, os do Fullmetal Alchemist, Blade of the Immortal...
seu conhecimento enciclopédico acabou de inserir dois filmes na minha lista de desejos.
PQP, Ed... teu ultimo parágrafo me arrancou uma lagrima... QUE ESPETACULAR teu relato... nunca tive uma "banca de estimação", mas peregrinava de banca em banca atras do que eu queria...
Abração!!!
OPN!
Valeu, OPN! abraço!
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