Os quadrinhos
de Star Wars foram um impulso que George Lucas julgou necessário, já em 1977,
para criar visibilidade para o filme que passava no cinema, com o
visionário diretor literalmente cedendo os direitos de publicação da saga para a
Marvel - editora com um histórico conhecido de licenciamento de produtos da
TV e cinema. Esta relação abaixo contempla os quadrinhos que significaram algum
marco da franquia em solo brasileiro, seja por primeira aparição, início de coleção,
importância do material ou mesmo curiosidade.
Bloquinho Extra Apresenta 5 (Editora Bloch)
Simplesmente a primeira HQ de Star Wars publicada no Brasil. A despeito de todas as críticas já
conhecidas sobre o trabalho editorial da finada Editora Bloch, esta foi a
contemplada para apresentar a saga aos leitores tupiniquins. Esta edição
compilava as seis primeiras edições do quadrinho Marvel Special Edition Featuring Star Wars publicadas nos EUA,
lançadas como forma de criar público para a saga nos cinemas. Escritas por Roy Thomas (Conan) e ilustradas pelo Howard Chaykin
(American Flagg!), as seis histórias adaptavam o roteiro do primeiro
filme, com o Império Galáctico tocando o terror numa “galáxia muito, muito
distante” e os revoltosos da Aliança Rebelde tentando uma cartada através de um Jedi. Atente para as cores chapadas e a propaganda na penúltima
página, praticamente um print dos
créditos do filme.
Hulk 25 (Editora Abril)
Após a iniciativa da Editora
Bloch, Star Wars (chamado de Guerra nas Estrelas) só viria a ser
publicada no Brasil sete anos depois, em junho de 1985, a partir deste número
da revista Hulk (Editora Abril), trazendo o correspondente aos números 39 e 40
da Star Wars americana. Se trata da quadrinização do filme O Império Contra-Ataca
(1980), aqui roteirizada por Archie Goodwin – também editor-chefe da Marvel - e
desenhada por Carlos Gárzon. Cabe dizer então que até este momento o antigo
Universo Expandido de Star Wars (hoje chamado de Legends, ou lendas), que havia
sido iniciado na Star Wars número 7 americana (os seis primeiros
foram publicados na Bloch), ainda não havia dado as caras por aqui, só as
adaptações dos dois primeiros filmes. De quebra, quem tiver a publicação leva uma
história do Hulk e um crossover editado entre Vingadores e Quarteto Fantástico.
Star Wars - Império do Mal (Editora
Abril)
Primeira série lançada pela nova
licenciadora de Star Wars nos quadrinhos, a Dark Horse, e que foi considerada
como início do Universo Expandido por George Lucas, quando ele ainda detinha o
controle do seu produto. Tenha em mente que história de Universo Expandido
ainda era considerada nessa época como qualquer história de Star Wars que fosse
contada em outro produto fora dos filmes, sejam em livros, quadrinhos, games
etc., - e Lucas só admitia como Universo Expandido eventos ocorridos pós O
Retorno de Jedi. Apesar desta minissérie se passar cronologicamente após os
eventos do primeiro volume da Trilogia Thrawn, primeiro produto a narrar
eventos pós-O Retorno de Jedi, a trilogia não foi considerada como parte do
cânone de Star Wars e hoje é tratada como selo Legends. Outras revistas intitulam o material como Império Negro (mais fiel ao original).
Star Wars 1 (Editora On Line)
Mais duradoura revista mensal da
saga no Brasil, publicada pela On Line, apresentava um mix de séries de
Star Wars. No primeiro número, trazia Dark Times 1, Knights of The Old Republic
1, Rebellion 1 e Legacy 1, todas publicadas nos EUA a partir de 2006, mais
algumas histórias memoráveis, como Star Wars: Vector. Aqui há pra todos
os gostos: Dark Times se passa dezenove anos (19 BBY) antes do filme
de 1977; a excelente Knights se passava milênios antes,
protagonizada pelo errante Zayne Carrick; Rebellion entre o primeiro e o
segundo filme; e a envolvente Legacy se
insere cerca de 130 anos após o primeiro filme, com os descendentes de Luke
Skywalker. A revista durou 32 edições (não cumprindo a missão de completar
as séries) e suas capas confusas, com cada edição destacando o
logotipo de uma fase, deve ter deixado muitos jornaleiros doidos.
Star Wars: Darth Maul (Editora
Pandora)
No samba do criolo doido que foi
a publicação de Star Wars no Brasil, até a editora Pandora entrou na história.
Ela foi a responsável por publicar esta, primeira história considerada do novo
cânone, ou seja, um pouco antes de Star Wars Epísódio I - A Ameaça Fantasma.
Não confundir cânone com universo expandido. Então, vamos recapitular, houve um
universo expandido de George Lucas, um universo expandido à revelia de George
Lucas (tudo fora dos filmes que se passasse antes do Episódio VI), e agora o
universo expandido determinado pela Disney, que só reconhece as aventuras
criadas após ter adquirido a LucasFilms, seja ela em qualquer mídia. Cânone para
a Disney é tudo o que ocorreu nos filmes, na série Star Wars: The Clone Wars e
mais o que seria gerado a partir da Disney. Todo o resto seria considerado
lenda, literalmente (selo Legends, não-canônico).
Comics Star Wars 1 (Editora
deagostini)
A não ser que você tenha bala na
agulha para bancar toda a coleção da Editora Deagostini, composta de 70 volumes
que reproduzem mais de 35 anos de quadrinhos da franquia, vale a pena
destacarmos desta coleção a primeira edição, que, além da óbvia condição de
item de colecionador (primeiro número), contém as 11 primeiras edições do
clássico quadrinho Star Wars publicadas lá na década de 70, ou seja, a partir
da sétima edição mostra o que seria o início do antigo universo expandido (as
seis primeiras eram apenas adaptação do primeiro filme, lembra-se?). Com Roy Thomas no
roteiro e desenhos de Howard Chaykin na maioria das histórias, esta edição é tanto
um item obrigatório para o colecionador da saga como um ponto de partida para
quem nunca assistiu nenhum filme da franquia, não sabe nada, e quer começar a partir de algum
momento.
Sérgio Aragonés Esmaga Star Wars
(Pandora Books)
Alguém diria: “eu tenho um mau
pressentimento sobre isso.” Depois de “destruir” a DC e “massacrar” a Marvel em
1996, nosso deadpool da vida real Sérgio Aragonés agora parte para esmagar Star
Wars neste raro quadrinho de cerca de trinta páginas publicado em 2003 pela Pandora
Books. Numa clara alusão à confusa linha temporal da franquia, a HQ traz na
apresentação a nota: “Os acontecimentos
de Sérgio Aragonés Esmaga Star Wars não ocorrem em momento algum da saga Star
Wars... graças aos céus!”. Nela, nosso herói parte junto com Mark Evanier
para tratar da nova revista a ser publicada pela Dark Horse e, como não poderia
deixar de ser, [chamada Sessão da Tarde on] se metem em altas confusões com uma
turma do barulho [chamada Sessão da Tarde off]. Um mimo de história para constar em qualquer coleção de Star Wars que se
preze.
Star Wars 1 (Panini)
Disney estabelecida como nova
dona, quadrinhos de Star Wars retornando às mãos da Marvel após uma ótima
passagem pela Dark Horse, cronologia arrumada e os produtos agora trabalhando
em sintonia sob uma única supervisão: só falta um quadrinho mensal. Eis porque
o primeiro número de Star Wars (2015), publicado aqui pela Panini, tem tudo
para se tornar um item raro de uma série que promete longevidade nas bancas e
comic-shops, dado o fôlego que a Disney
pretende imprimir à franquia em todas as mídias pelos próximos anos. Com
roteiro de Jason Aaron (Escalpo) e ilustrações de John Cassaday (Planetary,
Surpreendentes X-Men) - note que os personagens correspondem aos
rostos dos atores no cinema-, se passa logo após os acontecimentos do Episódio
IV, com a destruição da Estrela da Morte. Vendeu "só" um milhão de exemplares nos EUA.
Star Wars: Darth Vader 1 (Panini)
A segunda publicação regular de
Star Wars da Panini Brasil, cujo material, por ser inédito, não se choca com a
publicada pela Editora Deagostini (diferentemente de quadrinhos publicados pela
Panini sob o selo Legends, cujo material coincide com a da outra editora). Com a
revista Star Wars vendendo horrores, a Marvel/Disney tinha que lançar mais títulos
da franquia e aí vieram três séries regulares (não confundir com minisséries) Star Wars: Darth Vader, Star Wars: Kanan - O Último Padawan e Poe
Dameron. No Brasil, a série Kanan foi incorporada pela Panini ao mix da revista
Star Wars. Por sua vez, a série Star Wars: Darth Vader narra os acontecimentos
ocorridos na Star Wars, porém pela perspectiva do Império. Cabe destacar que
todas as séries são as meninas dos olhos da editora, e com as quais ela não se
furta de contratar os melhores artistas em atividade: Mark Waid, Jason Aaron,
Salvador Larroca, Maleev, entre outros.
Star Wars: Legacy (qualquer versão)
Fã que se preze tem que ter Legacy na coleção. Os nerds velhos leitores de HQs
reconhecerão o nome de John Ostrander (autor desta saga) pela sua
caracterização do Esquadrão Suicida, muito antes desta ganhar as telas de
cinema. Consta que Legacy é uma das melhores fases de Star Wars já publicadas,
então qualquer material que contenha a série é válido (eu indicaria a pertencente à coleção Deagostini, correspondente aos
volumes 49 a 54, devido ao excelente acabamento editorial; aliás, lembre que
parte de Legacy foi publicada pela revista Star Wars da editora On Line). Se passa 130
ABY, após a morte do Imperador Palpatine. Uma pena a Disney não a considerar
como parte da cronologia, mas creio que os fãs estão pouco se importando com o
que a Disney vê como canônico, pois todo este material pretérito
já tem lugar cativo no coração de quem adora a saga.
ED
Um dia encontrou um download de um quadrinho com o crossover oficial entre Star Wars e Star Trek, mas quando foi baixar, o despertador tocou e acordou para a realidade crua da vida.
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