• Da pré-história dos quadrinhos ao pós-modernismo gibístico!

    As maiores mortes dos quadrinhos



    Atenção: spoilers, muitos spoilers.

    A Morte de Elektra
    Num exercício de sadismo com os fãs da personagem, Frank Miller resolve dar cabo - literalmente - da namorada-inimiga-parceira do vigilante cego em pleno auge de sua popularidade. E da maneira mais cruel, sem nenhuma pista que preparasse os leitores, trespassada pela própria arma, nas mãos do maior adversário do Demolidor, e peregrinando pra dar o último suspiro nos braços de seu amado. Tão inesperado que o próprio Matt Murdock se recusou a acreditar e quis uma exumação. Inesperado, repentino e dramático: porra, Frank!, não nos lembre como a maioria das pessoas morre. Menos de um ano depois, a personagem teve uma “ressurreição” seguida de um novo “desaparecimento” conduzido de forma convincente por parte do mesmo autor, caso raro em tramas que ressuscitam personagens. 



    A Morte de Terra
    Tara Markov foi uma personagem marcante na trajetória dos Novos Titãs. Jovem, bonita e dissimulada, conheceu o Exterminador e, orientada por este, estudou cada membro da equipe de heróis, se infiltrando em suas vidas de forma habilmente escrita por Marv Wolfman, tornando-se parte do grupo, para posteriormente subjugar com facilidade um a um. O problema é que ela fez isso também com o próprio leitor, e quando o rumo da trama a levou para um caminho sem volta, dificilmente houve jovem que não sentisse um cisco no olho diante da fatalidade que acometeu esta ambígua personagem. Foi a cereja no bolo da saga O Contrato de Judas, umas das histórias mais bem escritas e desenhadas (George Perez, no auge) de todos os tempos. Num nobre gesto, os heróis preservaram a imagem da ex-heroína, ocultando sua traição.

    A Morte do Capitão Marvel
    Heróis morrem em luta, heróis morrem em guerra, heróis morrem traiçoeiramente pelas mãos de adversários. Mas quem disse que herói não morre de câncer? O fato de ter derrotado vilões que nenhum outro poderia dar conta sozinho, como o poderoso Thanos, e de ser um dos heróis mais fortes dos quadrinhos não poupou o guerreiro de sucumbir lentamente perante a famigerada doença, acamado numa cama, rodeado por amigos e refletindo sobre sua trajetória. Todos os esforços das maiores mentes do mundo, como Reed Richard, Tony Stark e Doutor Estranho, na tentativa de reverter sua condição foram em vão. Até mesmo um arquiinimigo se solidariza com sua agonia e visível definhamento. Repleta de emoção, simbolismo e frases marcantes, esta é uma história pra quem tem nervos de aço. 


    A Morte do Flash (Barry Allen)
    Morreu muita-muita gente na seminal saga Crise nas Infinitas Terras, mas podemos seguramente afirmar que a morte mais sentida, impactante e “duradoura” (vocês sabem do que estou falando) foi a do segundo Flash, o Barry Allen. A despeito de meu Flash preferido ter sido justamente o seu substituto (culpa do genial Mark Waid), temos que admitir que seu antecessor tinha a persona exata do ideal de herói, um misto de bom-mocismo e carisma que talvez excedesse até mesmo os dos colegas Hal Jordan e Clark Kent. Talvez por isso tenha sido escolhido como mártir, deste evento que se antigamente eu amava pela qualidade hoje eu desgosto por (junto com Guerras Secretas) estabelecer um padrão mercadológico que há muito já deu no saco: “a melhor saga de todos os tempos da última semana”.

    A Morte do Vigilante
    Sensíveis, abstenham-se: estamos entrando numa seara raramente abordada nos quadrinhos e cuja temática beira o tabu na sociedade: o suicídio. O que acontece quando alguém tão apegado à justiça e retidão se percebe diante de uma condição injusta e irreversível? O competente Paul Kupperberg nos oferece um verdadeiro thriller policial contando os últimos momentos do promotor Adrian Chase, o típico justiceiro que perdeu tragicamente a família, afeto às classes mais desfavorecidas e imerso num ambiente cíclico de violência e punição. A abordagem aqui é adulta, jovem padawan, pontuada por sexo, violência e questionamentos sociais. Único personagem de quadrinhos detentor de título próprio que deu fim à vida e conseqüentemente, à sua publicação. Nunca citado na cronologia desde então (tabu, lembra?). 

    A Morte de Gwen Stacy
    Numa época em que as histórias do Homem-Aranha eram sempre alegres, corretas e com final feliz, foi uma surpresa quando uma das personagens mais carismáticas dos quadrinhos - a ponto de deixar a Mary Jane no coadjuvantismo - obteve um fim trágico e abrupto pelas mãos de um vilão que sempre foi fiel saco de pancada, o Duende Verde. Aquilo foi um ponto de ruptura, como se alertasse que anos de dominação do bem sobre o mal foi mantido mais por competência dos heróis do que por falta de vilania nos inimigos. Até hoje a queda da personagem é objeto de (mórbida) análise, pois suspeita-se que a própria teia do Aranha quebrou o pescoço da moça ao interromper a queda (observe a onomatopéia "snap" na cena ao lado). Uma pequena e sutil ironia. Combine a leitura com a igualmente triste A Morte do Capitão Stacy.



    A Morte de Gleen
    Quem nunca leu Walking Dead ouviu falar da morte de Gleen, quem nunca assistiu também. Presente e ausente nas diferentes mídias que contam a trama, a morte de Gleen virou quase uma lenda na cultura pop, tal a quantidade de vezes que a série televisiva ensaiou sua correspondência com o mesmo evento dos quadrinhos e pelo infame cliffhanger que paira nos atuais sete meses que separam a sexta da sétima temporada, quando a arma que originalmente fatalizou Gleen pode ter fatalizado qualquer outro. Uma morte crua e explícita, ratificando que os walkers não são os verdadeiros inimigos. Ao contrário, são os inocentes. 


    A Morte da Fênix
    Uma personagem que tem duas facetas e cujo lado sombrio em dado momento prevalece sobre sua contraparte humana e põe a humanidade em perigo. Não, não estou falando da Magia no recém lançado filme do Esquadrão Suicida. Desde que Jean Grey morreu de forma visualmente impactante pelas mãos de Chris Claremont, o mote do herói vilanizado por uma entidade já foi copiado exaustivamente nos quadrinhos, de Ravena (dos Novos Titãs) a Hal Jordan (como Parallax); de Peter Parker/simbionte a Illyana Rasputin (codinome Magia - ei, rola um processo de plágio aqui). Um caso clássico nos quadrinhos de morte “tão bem matada” que o retorno da personagem gera protestos até hoje. 
    A Morte do Robin
    Sabe esse Coringa do Jared Leto que quiseram nos vender como “mau, muito mau, mas mau do que o Pica-Pau” no filme do Esquadrão Suicida? Deviam trancar os roteiristas e o ator num quarto, botar-lhe um exemplar de Morte em Família (onde ocorre o assassinato do Robin Jason Todd) nas mãos, e junto com alguns exemplares de Piada Mortal e Coringa do Azzarello, mostrar-lhes como se oferece uma história de vilão convincente e que realmente mete medo a quem tá lendo a história ou assistindo a produção. Antes da Lucille do Negan cantar alto em The Walking Dead, Coringa já fazia escola com seu pé de cabra e não deixava nem corpo intacto pra um funeral decente. Um destino coerente com o perfil do personagem, que pecava pela impetuosidade e despojamento com que se atirava aos vilões e às situações adversas.
    A Morte do Super-Homem
    Esse deu trabalho, e não deveria deixar de ser. Uma morte épica, tudo menos abrupta, suada, martirizada. Uma das manifestações mais retumbantes do que significa o verbo “sucumbir” na ficção. Uma criatura alienígena aparece de repente e começa a destruir tudo e todos que encontra pelo caminho. Simples assim. Sem explicação. Sem grandes dilemas morais. Sem argumentação. Os heróis que vão confrontá-lo caem perante a fúria implacável e desmedida do misterioso ser, convenientemente chamado de Apocalypse, não importa o que façam ou que estratégia utilizem, até a constatação se impor: o ser é indestrutível. A Morte do Super-Homem faz jus ao pomposo nome e realmente entrega uma monumental e grandiosa história de heroísmo e sacrifício. 




    ED.
    "Eu não sou besta pra tirar onda de herói / Sou vacinado, eu sou cowboy / Cowboy fora da lei / Durango Kid só existe no gibi / E quem quiser que fique aqui / Entrar pra história é com vocês!"

    Em tempo: cometi uma omissão imperdoável nesta lista, a chocante morte do Guardião, da Tropa Alfa. Talvez ela tenha sido tão traumática para este leitor aqui que ele tratou de apagar da memória. 


    0 comentários:

    Prato cheio de gibis (CTRL+F)

    100 balas 1001 Comics 2 Clicks para o Inferno 2001: Odisseia no Espaço 365 Samurai e alguns copos de arroz A Arte da Guerra em Quadrinhos A Canção da Magnun A Casta dos Metabarões A Era Metalzoica A Guerra de Luz e Trevas A Ilha do Tesouro A Lenda de Isis A Magia de Aria A Marca da Feiticeira A Morte do Capitão Marvel A Saga de Thanos A Teoria do Caos A Vingança do Submundo a voz do fogo adaptações adulto Adventures in the dc universe Alien All Star Comics America's Greatest Comics American Flagg Apache Skies Aquaman Arena Arkadian Arqueiro Verde artbook As Aventuras de Luther Arkwright Ás Inimigo asterix Átomo aula de gibi Avatar Press Avengers Aventuras de um empregado japonês Azul é a cor mais quente Bad World Badlands Ballistic batman beatles Behind Watchmen beowulf Biblia Bibliografia biografia Black Kiss Black Phanter Black Terror Blade Runner Blanche Epifany Blood Blueberry Boas Festas Bone Bump Caçadora calendário capas Capitão América Caricaturas Cartas Selvagens Cartões de Identidades cartoons Cavaleiro Solitário Cerebrus Champions Classic Chernobil cicatrizes Clássicos ilustrados Codex Arcana Coisa coletânea Colossus Comic Book Encyclopedia Comic Canceled Cavalcade comics Conan Concreto Contatos Imediatos do Terceiro Grau Contos Contos de Asgard Coringa corto maltese crossover Curiosidades Cyblade Darkness Dawn Dc Universe Online Legends demolidor Demônio da mão de vidro dentes-de-sabre Destrutor Diabolik dicionário Dick Tracy Disney divine right do inferno doctor solar documentário dolly Doom Patrol Dr. Estranho Drácula Dreadstar druuna Duna Echo El Diablo Elektra Elric elseworld em espanhol Em Francês Em italiano Emily The Strange Enciclopedia Epic Ilustrated Especiais Espectro Eternals Eu sou a lenda Eu vi... Exterminador 17 Exterminador do Futuro fables fábulas Falcão Negro Fangoria Comics Fantasma Fathom Fera filmes Firekind Flash Flash Gordon fontes para diagramação four star Fusão Galactus Gandhi Gerações Ghost Rider GI Joe gibis Girl & Boy Golem graphic novel Guarda Rato Guerra Kree Skrull Guerras Secretas Guerreiro guia Gun Runner Gunfire Harbinger Harley Quinn hawkman Haywire hellboy Hellraiser heroes Heróis em Ação Hieroglyph História da França Histórias curtas Holy Terror homem-aranha homem-de-ferro How to draw Howard the Duck Hq Européia Hulk Huntress ilustrações immortel Independência do Brasil Infestation Inimigos Comuns Invisíveis Iron and the Maiden Ivan Brun jogo Jonah Hex Jonny Double Jornada nas Estrelas Joseph Judge Dredd Justiceiro Kamandi Kitty Pride komiker Krazy Cat Kripta Krishna Lanterna Verde last man Last Planet Standing Legião Alien Legião dos Super-Heróis Leitura da semana LEOG Liefeld liga da justiça liga extraordinária livro Lobisomem Loki Lone Ranger Lorde Takeyama Man of Steel Mansão dos Segredos Marada Marshal Law Marvel Adventures marvel atlas Marvel Treasury Menz Insana Modern Master Modesty Blaise monstro do pântano Moonshadow Mordillo Morto do Pântano mortos-vivos mouse guard Ms. Marvel mulher maravilha Mulher-Gato músicas Namor Nick Fury Novo Universo O Detetive Sem Nome O Fantasma O Hobbit O Jardineiro Molhado O Livro das Trevas O monge e o demônio O Sombra Obergeist Oldboy oneshot Ópera gráfica Os Pequenos Perpétuos Pantera Negra pergunta Pernalonga Phantom Pinóquio Piratas do Tietê Pixotes Poder Supremo Popeye Power Company preacher Predador pride of bahgdad primeira edição Príncipe Valente programa promethea quadrinho alternativo quadrinho nacional quadrinhos Quarteto Fantástico Ramayana Reinos Esquecidos Retenção Robotech ROM sandman Sargento Rock scketchbook Secret Agent X-9 Secret City Segunda Guerra Mundial Sem Comentário Shadowhawk short stories Silver Age of Comics silver star Silver Surfer Sin City Six from Sirius Sky Doll smax sounds spirit Star Trek Star Wars stardust Starman Strange Tales Strange Tales MAX Strangers in Paradise supeman super-homem Superboy Superhero woman supremo Supremos Surfista Prateado Tales of Mystery Tarzan Terminator Terra terror Thanos The Human Race The Mighty The Milkman Murders The Nazz The Nine Rings of Wu-Tang The Spirit of the Tao The Thnig from Another World The Twilight Zone Thor thunderbolts Tio Patinhas tirinhas tom strong top 10 Top Cow top ten TOP TOP TOP TOP-NOTCH COMICS Torneio de Campeões Transformers Transmetropolitan Trapalhões trinity Turma da Mônica Two-fisted Ultra-sete Usage Yojimbo v de vingança Vampirella veils Vigilante Vincent & Van Gogh vingadores Viúva Negra Void Indigo wanted War of the Independents Warlord watchmen what if wildstorm Witchblade wizard Wolverine Woman of Marvel Wonder Woman World War Hulks Wulf x-men Y zumbis

    Em algum lugar do passado...

     

    Sobre o Komiker Master

    Komiker Master é o líder supremo de todo Universo Komiker. Além disso, ele o único portador a espada prata que singra o espaço e que deixa até o Chuck Norris com medo quando escuta o tão famoso e temido WAAAAADJÁÁÁÁÁ

    Selo de Qualidade

    Missão

    Levar informação, cultura e principalmente entretenimento aos que não possuem formas de tê-lo fisicamente, então vai virtualmente mesmo.