sexta-feira, 19 de agosto de 2016

TOP 5 Personagens de quadrinhos infantis

Digite “Donald Duck” no Google; a primeira palavra que segue é angry (irritado). Por aí já dá pra se ter uma ideia do temperamento deste genial personagem, cujas características e perfil, a despeito de - a princípio - atender ao público infanto-juvenil, o fazem ser um dos ícones mais humanos da cultura pop mundial. Crítico, mal-humorado, atrapalhado, ingênuo, mas também amoroso, confiável, obstinado e romântico, sempre às turras com sua família, este verdadeiro achado da Disney ditou influência para inúmeros personagens do entretenimento que viriam a ser criados no século passado. Ler Pato Donald é como acompanhar as desventuras de alguém tão próximo e familiar que sabemos exatamente o que ele irá falar ou agir diante de determinadas situações. Dá até pra ouvir sua voz estridente!, está ouvindo? Uma aula de personagem.

Empoderamento feminino é tão século 21, não? Pois saiba que Mônica sabe o que é isso desde 1963, quando surgiu para se tornar, quiçá, o maior personagem da cultura brasileira. Vítima de (por que não dizer) bullying por sua estatura, arcada dentária e circunferência corporal, tendo repetidas vezes seu coelho de pelúcia arrebatado para posteriormente reaparecer com um apertado nó nas orelhas, nunca correu para as saias da mãe e sempre procurou seus (por que não dizer) agressores para tirar satisfações e dar-lhes uma merecida lição, sem nunca guardar rancor e mantendo os laços de amizade. Posto desta forma tudo pareceria um drama de violência mútua não fosse o fato das histórias sempre evidenciarem a inocência e pureza das crianças, aliado ao olhar vigilante de Mauricio de Sousa sobre a caracterização dos personagens.

Calvin e Haroldo é leitura obrigatória para qualquer leitor de quadrinhos. Não, é leitura obrigatória para qualquer leitor. Melhor, pra qualquer ser humano. Só fui perceber que na verdade Haroldo era um tigre de pelúcia e que toda sua interação não passava de fruto da condição (?) do Calvin após muitas leituras e de ter me apaixonado pelos personagens e pela criatividade das histórias e situações. Foi um choque, que creio não ter me recuperado totalmente e que trouxe junto uma sensação estranha mediante as leituras e releituras posteriores. A tirinha feita por um fã no qual o Haroldo desaparece é de um simbolismo tão profundo e de uma verdade tão chocante que rivaliza com qualquer tratado de filosofia ou romance russo de mil páginas, sendo considerada a tira mais triste de todos os tempos.

Mafalda é uma personagem cujas histórias não sobreviveriam incólumes a um regime ditatorial ou repressivo, dada a acidez de seus diálogos e a crítica sempre afinada e ao mesmo tempo ingênua à vida como ela é, ao funcionamento do mundo e á humanidade como um todo. Dê Mafalda para seu filho, e estará ensaiando a formação de um cidadão crítico e autocrítico com uma visão mais rica e questionadora do que o cerca. Repleto de jogos de palavras, diálogos espirituosos e perguntas inusitadas, as frases e pensamentos de Mafalda dariam um livro á parte, e justificam sua posição como um dos ícones mais fortes da cultura sul-americana.  Consta que as histórias de Mafalda nunca foram publicadas nos Estados Unidos, o que pode nos dizer muito sobre o solipsismo cultural estadunidense. Ou não.


Quem é mais famoso, Bolinha ou Luluzinha? Se no que diz respeito ao universo de Mauricio de Souza a Mônica sempre obteve um leve destaque sobre os outros personagens, incluindo o Cebolinha, e na Disney o Pato Donald nunca foi ameaçado em popularidade pela Margarida e Cia. (talvez pelo Mickey, mas isso dá uma longa conversa), no panorama criado por Marge os dois personagens sempre tiveram histórias tão bem executadas que quaisquer questionamentos de gêneros caiam por terra diante da genialidade dos roteiros e do ritmo nunca cansativo que sempre caracterizou as histórias dos dois personagens. E a trupe de coadjuvantes sempre manteve o nível alto no que tange ás construções de personagens. Não raro eu apelidava meu amigo almofadinha como Plínio ou o caçula chato da turma como Alvinho.


ED.
Se pudesse escolher um superpoder escolheria o de voltar no tempo pra reler aqueles quadrinhos com espírito de criança, e desaprender a contar algarismos como fez nesta matéria com a quantidade de personagens.

Um comentário:

  1. Sim, li estes e muitos outros na minha infância, no caso da Disney, Donald era o meu personagem preferido de leituras seguido do prof. Pardal.
    Interessante a imagem dele postada, reflete bem a realidade da população brasileira atualmente, ainda conseguimos pagar as contas e nada mais sobra para outras possibilidades.

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